Dizem que é quando perdemos que
damos valor. Em partes concordo com a afirmação e em partes não. A vida tem me
ensinado e mostrado o quanto é importante dar valor ao que temos, mas,
principalmente o quanto é importante valorizar as pessoas que estão a nossa
volta. Pessoas que gostamos e que realmente gostam de nós. E assim tenho feito.
Os últimos dias foram tensos e tristes.
Minha sogra, pessoa querida adoeceu e não suportou a doença, se foi. O corpo se
foi, mas o amor e legado ficaram.
Claro que tínhamos nossas
diferenças, afinal ninguém é perfeito e não é por que faleceu que a pessoa se
torna santa. Mas, imaginem alguém incapaz de fazer mal de alguém, imaginem alguém
que nunca teve voz para reclamar e “retrucar”. Ouvia desaforos e se calava,
muitas vezes se calou em nome da família, do amor, dos amigos, em nome próprio
e em nome da sabedoria que a vida lhe conferiu.
Muitas vezes nossas ideias foram
contrárias, muitas vezes parecíamos mãe e filha por que os pensamentos se
completavam.
Me deu abrigo físico e muitas
vezes emocional, também ajudou a crescer e construir a vida ao lado do filho
que ela gentilmente me “emprestou” como marido.
Era envergonhada e carinhosa,
comilona e vivia de dieta. Pouco vaidosa, mas, sempre arrumadinha.
A vida lhe foi generosa, e ela
soube aproveitar as oportunidades que teve. Viveu em nome de um amor puro pelo
marido e pelos filhos. E mesmo as mais tristes perdas e dores não a fizeram ter
o coração endurecido, muito pelo contrário, estava sempre disposta a perdoar e
recomeçar.
Os últimos dias com ela foram
intensos, cheio de sentimentos que estavam guardados pela vida, confissões,
esclarecimentos, nos doamos uma à outra, nos entregamos a uma relação que jamais
terá fim, apenas uma breve pausa. Acredito que um dia nos reencontraremos.
E hoje a vida segue, pois a perda
pela morte é a última etapa da vida de quem se foi e mais uma parte da vida de
quem fica e precisa seguir em frente.
Cris Zafred Zanaga
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